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segunda-feira, 19 de março de 2012

Jean Walker é um fenômeno


Em Minas, Michael Jackson não morreu

A voz de Jean Walker, ex-taxista de Belo Horizonte, impressionou pessoas de vários pontos do planeta por ser muito parecida com a do pop star americano

Jean Walker (Foto: Paula Mordente)
Jean Walker 
O taxista Jean não poderia imaginar que uma corrida até a rodoviária de Belo Horizonte mudaria de vez o rumo de sua vida. O passageiro entrou no carro e, depois de um papo rápido, eles começaram a falar sobre um ídolo em comum: Michael Jackson. Antes de chegar ao destino, Diego pediu ao motorista do táxi para cantar um trecho de uma das músicas do pop star americano para que ele pudesse gravar um vídeo. Mesmo tímido, o taxista topou. A gravação postada na internet chamou a atenção pela semelhança com a voz do cantor. Mais de dois milhões de pessoas do mundo inteiro assistiram ao vídeo. Tanta repercussão na internet fez com que a versão virtual da renomada revista de música Billboard desse destaque para o vídeo de Jean. Na Inglaterra, a emissora de TV BBC e o tabloide The Sun também se posicionaram impressionados com a voz do brasileiro, considerando-o afinadíssimo. Já o badalado site americano TMZ disse que ele merecia uma excelente gorjeta. E, assim, começou a carreira de Jean Walker.
Jean Carlos Ribeiro Machado tinha apenas seis anos de idade quando se declarou fã de Michael Jackson. Aos 12, já arriscava alguns dos característicos passos do astro internacional, fazendo sucesso durante a adolescência na escola, nas feiras de rua e nos bailes do bairro. Sempre se destacando pela facilidade de acompanhar fielmente o ritmo das músicas do artista.
Mas a vida desse belo-horizontino nem sempre foi só embalada pela pop music. De família muito simples, ainda muito novo, teve de trabalhar com pai, ajudando-o como pintor, função que mais tarde também exerceu. Casou-se aos 19 anos e sofreu muito a perda do primeiro filho. Chegou a trabalhar como servente de pedreiro para ajudar no sustento da casa. Pouco antes do nascimento do segundo filho, Michael – nome dado em homenagem ao ídolo –, ele começou a trabalhar como taxista.
Mesmo em meio às lutas e com uma rotina pesada de trabalho, que começava às 19h e só terminava quando o dia amanhecia, Jean nunca parou de curtir as canções de Michael Jackson. Mais que dançar, ele passou a cantar diariamente os hits que sempre ocuparam o topo dos rankings musicais. Alguns taxistas, às vezes, paravam para ouvir o colega imitar o artista. Com a webcam ligada, por diversas vezes, Jean chegou a gravar a própria performance com a ajuda de umplayback. Mas nada teve tanta repercussão quanto o vídeo postado por Diego Padilha.
Jean aderiu ao sobrenome artístico Walker e teve o talento revelado em várias emissoras de TV no Brasil. A primeira aparição foi ao ar no programa Pânico na TV, da Rede TV!. Durante a atração, voltada para o público jovem, ele cantou ao vivo pela primeira vez. Chegou a participar também de outro programa da casa, Manhã Maior, até entrar para um concurso de imitadores na Rede Record. As participações dominicais no quadro O Melhor Imitador do Brasil contribuíram ainda mais para tornar Jean Walker conhecido em todo o país. “Foi tudo muito rápido. Quando dei por mim, já estava na TV, sendo elogiado por diversos artistas e por pessoas que me paravam no corredor das emissoras para me cumprimentar. Na rua as pessoas já me conhecem. Eu ainda estou tentando me acostumar com isso, pois sou muito tímido”, revela.
Encontro com o pai de Michael Jackson

Pouco antes de ser surpreendido pela fama de melhor imitador de Michael Jackson no Brasil, Jean teve a oportunidade de cantar pessoalmente para o pai do artista, Joe Jackson, e para o produtor da família, Leonard Rowe. “Fui até a livraria aqui de BH onde Joe estava lançando um livro sobre Michael. Entrei na fila, como se fosse pedir um autógrafo e, quando cheguei perto dele, comecei a cantar. Ele, muito frio, não demonstrou muita afeição, já o produtor Leonard, ficou impressionado e foi muito simpático. Todos que estavam com Joe começaram a gravar imagens minhas e, em pouco tempo, a livraria inteira cantava comigo. Foi uma experiência fantástica”, conta.    O encontro com Joe e Leonard foi, sem dúvida, o contato mais próximo que Jean Walker teve com Michael Jackson. Para ele, a possibilidade disso acontecer era algo inimaginável, principalmente após a morte do ídolo. “No dia em que Michael morreu, eu recebi uma ligação de um colega do táxi falando da notícia, mas não acreditei. Depois que vi que era oficial, passei o dia com minha esposa no sofá, em frente à TV, chorando muito. Perdemos um grande artista”, lamenta.
Agora, a chance de ir aos EUA e conhecer outros detalhes da carreira do astro pop está cada vez maior. “Recebi algumas propostas que estão sendo analisadas com cuidado. Tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e não quero ser precipitado. Sou uma pessoa simples, um mineiro, um brasileiro, sei quem eu sou e de onde eu vim. Mesmo com todo o reconhecimento e carinho das pessoas, não quero dar passos muitos largos”, pondera.
Antes de embarcar para a terra do Tio Sam, Jean deve estudar inglês. Mesmo interpretando fielmente as músicas, ele confessa que não sabe nada sobre o idioma. “Eu sempre cantei só de ouvir, se colocar a letra na minha frente na hora de cantar, eu fico confuso”, confessa. Mas o fato de não saber a língua parece não prejudicar o desempenho dele, pelo menos é o que mostra os comentários de seus vídeos no Youtube. Elogios de vários lugares do mundo, em inglês, são postados a todo o momento, ressaltando a semelhança do timbre de Jean com o de Michael Jackson.
Planos para o futuro
Como muita coisa na vida de Jean, os planos para o futuro também mudaram. O trabalho como taxista agora faz parte do passado. A intenção dele é investir na carreira artística e se manter com a nova função. “Acho que ainda não estou preparado para fazer um show inteiro imitando Michael, mas tenho condições de fazer algumas participações em eventos”, planeja. A intenção é que, daqui a algum tempo, ele possa interpretar também outras canções no mesmo estilo.
Os novos compromissos necessitam de hábitos que não faziam parte do dia a dia do ex-taxista, entre eles, cuidados com a voz, com o figurino e o contato com os fãs. “Tenho consciência que minha vida mudou e sempre vou fazer o meu melhor para me adaptar, porque essa será minha fonte de renda. Mas nunca vou esquecer minhas raízes, deixar de lado minha família, amigos, parentes e nem mesmo minha cidade. Não tem a menor chance de eu deixar Belo Horizonte, minha terra querida”, ressalta.

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